terça-feira, 20 de maio de 2014

Expecto Patronum e o Contracondicionamento


Você lembra da série Harry Potter? Vocês lembram que, no terceiro livro, aparecem seres estranhos chamados Dementadores? Lembram que Remo Lupin, o então professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, dá aulas extras a Harry Potter ao descobrir que ele "tem medo de ter medo"?

Ok, então, o que Harry Potter tem a nos ajudar a entender o conceito de Contracondicionamento?
Basicamente, o Patrono é um feitiço que requer que a pessoa imagine ou lembre apenas coisas boas na hora de enfrentar os Dementadores, pois estes sugam toda a alegria das pessoas. Após se concentrar um pouco o conjurador deve dizer Expecto Patronum e indicar a varinha em direção ao alvo. Tendeu?

Tipo assim!
Mas, sim, e o Behaviorismo?

Acontece que este exemplo do Patrono serve como uma analogia simples sobre como ocorre o processo chamado Contracondicionamento, mas há claras diferenças...

Contracondicionamento é quando você emparelha um Estímulo Neutro (Sn) que elicia uma resposta incompatível a resposta eliciada por outro Estímulo Incondicionado (Si) várias vezes, até que o Estímulo Neutro passa a eliciar a resposta que o Estímulo Incondicionado eliciava sem a sua presença.

Desta maneira, lembrar ou imaginar coisas boas é incompatível com as respostas de medo eliciadas na presença dos Dementadores servindo como meio de eliminar a presença dos Dementadores, legal a analogia, né?! Mas, seguindo a um exemplo mais sério:

Por exemplo, comer doce (elicia respostas agradáveis) e levar um choque (elicia respostas desagradáveis). Ambos são estímulos distintos e que eliciam respostas incompatíveis entre si. Agora, assim como no processo de Condicionamento Clássico, após várias exposições a este procedimento, em um determinado momento, o estímulo neutro da relação começa a emitir as respostas do outro... No caso, imaginemos que seja evitar comer coisas doces...

Você lembram do desenho animado "Peguem o Pombo"?
Porém, uma coisa importante que devemos nos atentar é ao fato de que não devemos fazer uso indiscriminado do Contracondicionamento. Não devemos tratá-lo como uma simples técnica, ou uma simples aplicação tecnicista dos conhecimentos Behavioristas Radicais.

IMPORTANTE: Em alguns casos, pode ocorrer efeito contrário ao esperado. Por exemplo, uma pessoa gosta muito de bombons de chocolate e tem medo de altura. Digamos que ao expormos ela ao estímulo "altura" e em seguida "bombons de chocolate". Agora, imaginem que em vez da exposição a altura diminuir a eliciação de respostas de "medo" a exposição aos "bombons de chocolate" é que eliciem respostas de "medo"... Agora imaginem as milhares de possibilidades de Generalização a outros gêneros alimentícios baseados ou não em chocolate que pode ocorrer? Complicado, não é!?


Sendo assim, e apesar da analogia, Contracondicionamento não é um "Expecto Patronum" pra se usar indiscriminadamente!


"Mal Feito, Feito!"

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