terça-feira, 12 de agosto de 2014

Pontuações sobre a Análise do Comportamento e o Núcleo de Atenção à Saúde da Família (NASF)


Faz bastante tempo que não escrevo. Na verdade, em parte, o motivo é que não tenho conseguido manter minhas leituras diárias. Tenho dedicado um bom tempo descansando por conta do trabalho junto ao NASF: Núcleo de Atenção à Saúde da Família.

Sendo assim, decidi fazer algumas pontuações sobre as possibilidades de trabalho no NASF a partir de ações analítico-comportamentais.
Como o título da postagem indica, são algumas pontuações sobre o tema e não pretendo e nem teria como transformar este escrito em uma referência sistematizada do trabalho do analista do comportamento junto a Atenção Primária em Saúde. O que tentaremos fazer aqui é abrir um espaço de diálogo frutífero sobre o tema.

Bom, há limitações que dizem respeito a estrutura física e cultura organizacional de cada Centro de Saúde da Família - CSF em cada cidade e território. No entanto, há ainda a cultura da segregação da queixa do usuário por especialidades, como problema de dor no ombro pro fisioterapeuta, desnutrição ou obesidade ao nutricionista e os problemas da cabeça e toda forma de sofrimento (incluindo dor de cotovelo) vem para os profissionais psicólogos.

No entanto, as orientações do Ministério da Saúde é que os atendimentos sejam feitos de modo compartilhado (mais de um profissional atendendo a população ao mesmo tempo de como a ter uma visão mais ampla do problema). Isso, porém, não impede atendimentos específicos a cada profissional sozinho com um usuário, mas que seja uma atenção Integral que não segregue a queixa do usuário, mas o analise como um todo ... O problema do usuário é multideterminado e, de tal modo, requer uma avaliação mais ampla do que de um profissional especialista nesta ou nesta queixa.


Sendo assim, de que modo podemos contribuir com o trabalho do Nutricionista? Ultimamente, a nutricionista do NASF em que trabalho tem solicitado ajuda com usuários com dificuldade de adesão à dieta ou que comem de modo compulsivo, não conseguindo discriminar os contextos de picos de alimentação. Para tal atividade, o processo de auto-observação e auto-controle podem ser de grande valia, a partir, é claro, de uma devida Análise Funcional. (Aliás, Análise Funcional em tudo!!!)


De que modo podemos contribuir com o trabalho do Fisioterapeuta? Notadamente, o principal público são idosos. Em alguns casos, são sequelas de Acidentes Vasculares Cerebrais - ACV e, paralelamente, ocorrem problemas relacionados a problemas de memória. Podemos estar auxiliando por meio de conhecimentos de reabilitação neuropsicológica (no entanto, ainda estou começando a ler sobre o assunto e não tenho como indicar muito o que fazer, ainda...).


De que modo podemos contribuir com o trabalho do Fonoaudiólogo? Ainda não tive grande contato com a profissional recém-contratada para o cargo, então não conheço a fundo como funciona suas atividades. No entanto, com ela, tive uma conversa bem longa sobre Treinamento de Pais para cuidados da criança e diminuição de comportamentos problemas da mesma (como inquietude, agressividade, etc.). A profissional Fono falou em reforço positivo quando eu dizia que "não basta punir comportamentos inadequados, é preciso ensinar comportamentos adequados e dar consequências interessantes ao comportamento, de modo a fortalecê-lo"... Vale lembrar que um teste neuropsicológico cujos construtos teóricos não eram distantes da linguagem behaviorista, grande parte dos seus autores eram psicólogos graduados também em fono ou eram fonoaudiólogos graduados também em psi. Deste modo, suponho que os fonoaudiólogos devam ter uma boa noção de Análise do comportamento, no entanto, pesquisarei para ter certeza. Mas, por exemplo, se analisarmos com calma alguns treinos de fala com pessoas surdas a falar, percebemos que ocorre um processo de discriminação por parte do usuário, pela frequência do som que este emite e feedback dado pela profissional.

Infelizmente, não temos educador físico na equipe, então não tive como conversar e conhecer melhor o trabalho desta classe profissional pra entender em que nos encaixamos. Quanto ao profissional de Terapia Ocupacional acredito que possamos auxiliar na seleção de reforçadores arbitrários e naturais para os comportamentos que se deseja treinar, fortalecendo o treino das Atividades de Vida Diárias - AVD.


Quanto as atividades já desenvolvidas pelas Equipes de Saúde da Família podemos, por exemplo, ajudar na diminuição do comportamentos de ansiedade entre crianças que vão ao posto se vacinarem ou ao dentista (auxiliando no que seria o Acolhimento) ou pesquisando os reforçadores do comportamento de amamentar de lactantes em detrimento aos aversivos (como dores nas mamas) de modo a criar estratégias de maior adesão ao aleitamento materno a longo prazo (já que sabemos do seu valor nutritivo e de aumento da imunidade do bebê) ou promovendo auto-observação e autocontrole entre usuários que controlam a Diabets ou  Hipertensão, ou os dois a partir do programa HIPERDIA.



Bom, essas são apenas algumas pontuações feitas a partir do que tenho visto e vivido no trabalho em Atenção Primária em Saúde. No entanto, nem todas estas ideias já estão em andamento, é uma nova cultura este modo de trabalho em saúde requer muito diálogo com outros profissionais.


Então, mãos a obra!

Nenhum comentário:

Postar um comentário