quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

O que estamos fazendo e o que poderíamos fazer: Behaviorismo Radical e uma cutucadinha na Política



Há várias formas de contar uma história. A história que vou contar, contarei com a voz dos espíritos behavioristas radicais que habitam em mim!

Há muito tempo eles me contaram que a determinação do comportamento não depende das emoções por si, as emoções fazem parte do fluxo comportamental, são comportamento. As determinações do comportamento estão no mundo! Eu não choro porque estou triste, chorar é a própria tristeza. Algo no mundo ocorreu e me desagradou a ponto de chorar. No entanto, cessar o choro não é o suficiente para acabar com a tristeza. Lágrima descendo pelo meu rosto são apenas uma forma do sentir-se triste. A fonte da tristeza está no mundo e é o mundo que eu devo mudar! Se fico triste porque pisaram no meu pé de propósito e não é a primeira vez, eu reclamo com a mãe do garoto e faço com que isso pare. Se eu fico triste porque meu sorvete caiu no chão devido o vento, eu aceito, pois há coisas que são pontuais e imutáveis (a não ser que eu tenha mais dinheiros).



 Mas este aprendizado não se aplica apenas aos sentimentos cotidianos e de pouca substância política. Eles princípios também se aplicam ao grande mundo da Política. E agora as coisas ficam um pouco mais complexas.

Um grande número de pessoas tem feito uso das redes sociais como meio para diminuir e cessar sensações desagradáveis em relação à política, porém esta estratégia é ineficaz para mudar a fonte dos problemas políticos. Se a mudança na postura política de alguém tivesse relação proporcional à produção de memes, não estaríamos tão angustiados... Mas estamos!


Gastamos tempo chafurdando notícias ruins e, consequentemente, respondendo com memes que, momentaneamente, dão sensação de vingança (controle da situação) e até umas migalhas de apoio social (“nossa, lacrou!”) (ou seja acesso a reforçadores negativos e positivos respectivamente). Mudanças políticas, não! Às vezes, opinião pública tem peso nas decisões políticas, mas raramente e é muito raramente mesmo.

Ações políticas eficazes causam respostas aversivas proporcionais de nossos opositores! Quando professores fazem greve e vão à câmara dos deputados, esta é uma medida eficaz. Como sei? Pela medida inversamente proporcional de gás lacrimogêneo e porrada que os docentes recebem da cavalaria policial (como nas Jornadas de Junho, como no Estado do Ceará...). Nunca vi ninguém recebendo gás lacrimogêneo na cara por postar um meme, nunca vi a cavalaria chegar e tacar porrada devido à postagem de um meme! E não venham me falar de censura e ditadura, postar nas redes sociais, repito, dá falsa sensação de controle e liberdade. Liberdade é sentimento e sentimento é só fluxo comportamental (neste caso, efeito colateral de certas condições). Só somos de fato livres se mudarmos o mundo! (Neste caso, reduzir ou mesmo cessar aversivos e maximizar reforçadores, em se tratando de política compartilhando equitativamente acesso aos reforçadores)


Querem saber o que causa medo a políticos frouxos (e nisso eles até se anteciparam com a Lei Anti-Terrorismo)? Mobilização social nas ruas e nos prédios públicos. Nada de abaixo assinado virtual, nada de postagem lacrante, nada de evento marcando mil pessoas, NADA disso. Controle face a face em reuniões de coletivos e com deliberações vocais verbais. Quem participou, saberá o que fazer e quando. As redes sociais são uma armadinha e nós temos armado nossa própria arapuca! Se opositores sabem o que ocorrerá, eles tem como se antecipar seja por meio de opressão física (e pra eles é indesejável) seja por ataque público com apelo a moral (alô mamadeira de piroca)...

Quer fazer algo? Quando se organizarem em coletivos e deliberarem ações organizadas e coerentes com teorias políticas, podem me chamar, sou a primeiro a ajudar. Enquanto continuarem tentando derrubar caju com um palito de macarrão, podem me deixar dormindo na minha rede no quintal!

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