segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Eu Desejo Um Feliz Mundo Novo! - uma proposta mais que comportamental


Primeiramente Diretas Já e Feliz Ano Novo! Bom, está será a primeira postagem deste ano e gostaria de começar falando de um tema simples, mas que por vezes escorregamos numa casca de banana conceitual... Os votos de início de ano. 

Acho importante dizer que não há nada de errado em utilizar linguagem cotidiana para parabenizar ou desejar conseqüências vantajosas a alguém, muito pelo contrário, é elegante e pró-social! Porém, esperar que comportamento verbal misticamente traga estas conseqüências é erro conceitual. Ou seja, o simples fato de eu desejar boa sorte a alguém não trará boa sorte à mesma. Desejar boa sorte é de boa etiqueta social em diversas comunidades, mas não há relação funcional entre meu comportamento verbal e as futuras conseqüências do colega...

Uma solução comum encontrada pelos behavioristas radicais a esta questão é desejar “boas contingências” ou dizer que não devemos esperar que coisas boas aconteçam no novo ano, mas que hajamos sobre o mundo e o transformemos. De certo, é mais coerente agir sobre o mundo e usufruir das suas conseqüências do que esperar que estes eventos ocorram de modo aleatório e acidental. No entanto, a premissa de que o que nos falta é agir sobre o mundo é simplista e não dá conta da complexidade dos problemas vividos pelo homem moderno. Sendo assim, proponho nos atentarmos para um novo nível de Desejos para o Novo Ano.

Se estivermos interessados em modificar nossa realidade de modo mais amplo e que envolva mudanças no mundo social, é preciso abandonar a crença que a unidade operante será a solução esperada (ou a única solução). Tão pouco defendo que a proposição de unidade chamada metacontingência seja adequada para trazer mudanças sociais. Há muito a ser refinado conceitualmente e verificado experimentalmente para apostarmos nossas fichas neste conceito tão jovem!



Infelizmente, há contingências a que não temos acesso, logo não temos como modificá-las. Apesar de que haja uma relação funcional entre determinado grupo de pessoas agindo sobre o mundo e suas conseqüências agirem sobre outros grupos de pessoas, estas relações não são bidirecionais. Sofremos as conseqüências de decisões de determinados grupos privilegiados, mas não temos o poder de agir sobre estes grupos de maneira eficiente e imediata (não de maneiras legalmente e socialmente pré-estabelecidas).

Li muitas mensagens de Ano Novo dizendo que 2016 foi ruim porque não agimos. Porém, nós agimos! Nós lutamos e choramos, nós perdemos... Porém, muitos de nós lutamos solitariamente para melhorar nossas vidas solitárias. Tentamos nos encaixar nos modelos de sociedade adoecido que tanto criticamos. Faltou-nos engajarmos coletivamente para mudanças em larga escala e criarmos novos meios de contrabalancear as desigualdades sociais e privilégios (leia-se tecnologias de contracontrole). E se me perguntarem que proposição eu tenho pra solucionar isso, eu respondo: não tenho nenhuma! 2017 tem que ser um ano em que decisões e propostas de mudanças sociais ocorram em roda, em grupos, em comunidades e coletivos!

Sendo assim, eu desejo que cada um de nós encontre coletivos singulares, afetivos, dos quais possam emergir propostas de mundos alternativos. Decisões coletivas, ações coletivas, consequências coletivas... Já dizia o ditado popular, uma andorinha só não faz verão! E, apesar de 2016 não ter ocorrido como se queria, foi o ano que o grupo de sonhadores a que me vinculei esteve mais unido, mais forte e sonhamos possibilidades... E pretendemos executar estas possibilidades nos próximos anos!



Às vezes, o que nos falta para construir um mundo melhor é estarmos inserido em um coletivo revolucionário. Parafraseando Raul Seixas: Sonho que se sonha só, é só um sonho. Sonho que se sonha junto é realidade! Assim como a subjetividade não é uma construção individual e solitária, um mundo formado por homens e suas subjetividades, também não é um projeto escrito a duas mãos. é preciso construirmos coletivos disruptivos, é preciso estarmos unidos. Se não podemos mudar de imediato este mundo dado, que construamos nossos projetos de NOVOS mundos!

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