Em primeiro lugar, Anarquismo do Comportamento é apenas uma brincadeira com a sigla AC (Análise do Comportamento). Ou seja, não se trata de um conceito verdadeiro, é apenas uma daquelas brincadeiras de mesa de bar e conversas descontraídas sobre sua abordagem preferida!
É como "emparelhar o inconsciente", que ocorreu uma vez quando uma amiga estudante psicanalista errou ao falar de emparelhamento de estímulos... E sim, onde me formei, tive a maior satisfação em estudar com pessoas que repeitavam-se, que ajudavam umas as outras nas dificuldades: humanistas pedindo ajuda a psicanalistas para entender eu ideal e ideal de eu, behavioristas correndo para os humanistas para entender intencionalidade fenomenológica e psicanalistas pedindo ajuda nos estudos pré-prova de AEC, etc.
Então, vamos a historinha por trás da brincadeira: Anarquistas do Comportamento!
Tenho percebido que muitos do que se interessam pelo estudo da cultura, das práticas culturais, questões sociais e política em Análise do Comportamento são ex-estudantes de Psicologia Social. São os estudantes que vêm encontrando espaço para poder não só compreender as desigualdades sociais, mas construir tecnologias para transformar estas realidades a partir das bases filosóficas e experimentais do Behaviorismo Radical.
Skinner foi um modelo de estudioso, pois leu diversos autores, de diversas realidades para constituir o corpo da sua filosofia do comportamento humano. Dentre os autores que Skinner se debruçou está Karl Marx. Sim, o economista das lutas de classe. Não é atoa que uma das frases famosas do Skinner parece bastante com o materialismo histórico do Tio Marx:
“Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. Desenvolve as potencialidades nela adormecidas e submete ao seu domínio o jogo das forças naturais”. (MARX, O Capital, 2000, p. 211)
"Os homens agem sobre o mundo e o modificam e, por sua vez, são modificados pelas consequências de sua ação." (SKINNER, Comportamento Verbal, 1957, p.1)
Para além das citações e trocadilhos, há o trabalho de Luana Flor intitulado "Os usos do termo "liberdade" no anarquismo de Bakunin e no behaviorismo radical de Skinner" (Dissertação da Luana Flor), no qual ela faz aproximações e também apresenta divergências entre os modelos filosóficos do anarquismo de Baktunin e do Behaviorismo Radical de Skinner. Há também artigos que tratam da aproximação entre Behaviorismo Radical do materialismo histórico de Marx (Artigo do Ulman e Artigo de Newman) .
Então, além da brincadeira de sermos anarquistas do comportamento ao estudarmos práticas culturais e planejamento cultural no behaviorismo, há autores que fazem estas aproximações, como vimos. Futuramente, nos debruçaremos mais sobre estudos sobre Cultura em Análise do Comportamento (mas vamos com calma, ainda há alguns passos a serem dados antes de enveredarmos nestes temas).
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